Lesão fibro-óssea – Displasia Cemento Óssea Focal

O termo, lesões fibro-ósseas, refere-se a um processo distinto em que a arquitetura óssea normal é substituída por fibroblastos e fibras de colágenas contendo quantidade viáveis de material mineralizado. O termo não indica um diagnóstico específico, apenas, representa um grupo extenso de várias entidades. Uma classificação, considerada satisfatória e geralmente aceito que as lesões fibro-ósseas benignas da região bucomaxilofacial possam ser divididas em três categorias, incluindo:

• Displasia Cemento Óssea Periapical (DCOP) – tem origem no ligamento periodontal, envolve predominantemente a região periapical da mandíbula anterior);

• Displasia Cemento Óssea Florida (DOF) – tem origem no ligamento periodontal e aparece com envolvimento multifocal);

• Displasia Cemento Óssea Focal – ocorre em qualquer área dos ossos gnáticos, mas a mandíbula posterior é o sítio predominante;

• Displasia Fibrosa – que costuma acometer grandes porções do osso medular e cortical, em um ou mais ósseos do crânio;

• Fibroma Ossificante – neoplasia verdadeira.

Na postagem de hoje vamos focar na Displasia Cemento Óssea Focal. Aproximadamente 90% dos casos da displasia cemento-óssea focal tem idade média de 38 anos e uma predileção pela terceira à sexta década de vida. Em contraste com as variantes periapical e florida, tem sido relatada uma alta porcentagem em brancos. A doença é tipicamente assintomática e é detectada apenas no exame radiográfico. Radiograficamente, a lesão varia de completamente radiolúcida (hipodenso) à densamente radiopaca (hipedenso) com estreito halo radiolúcido (hipodenso) na periferia. Entretanto, mas comumente há um misto do padrão radiolúcido (hipodenso) e radiopaco (hiperdenso) A lesão tende ser bem definida, mas a margens são levemente irregulares. As lesões ocorrem em áreas dentadas e edêntulas. Não é necessário nenhum tratamento para esta condição, mas uma vez firmado o diagnóstico clínico, é realizado somente o acompanhamento periódico com reforço da higiene oral para controle da doença periodontal e possível perda dentária. Caso o componente inflamatório esteja presente o processo é basicamente uma osteomielite crônica. Sequestração de massas de material tipo cemento esclerótico pode lentamente ocorrer seguida de cicatrização. A eliminação desses sequestros pode acelerar a cicatrização.

Assim, para ilustrar a displasia cemento-óssea focal podemos visualizar em cortes MPR (corte axial, sagital, coronal e reconstrução 3D) uma imagem de densidade heterogênea circunscrita por uma irregular halo hipodenso na região posterior esquerda da mandíbula (área edêntula) com características semelhantes a descrição no parágrafo anterior, que podemos descrever como hipótese de diagnóstico displasia cemento óssea focal (imagem 1).

 

 

Imagem 1 – Cortes MPR com visualização da displasia cemento-óssea focal (indicada pela seta branca).