As radiografias panorâmicas e as tomografias computadorizadas são recursos auxiliares para o planejamento e diagnóstico em odontologia. Os profissionais devem estar atualizados quanto às novas tecnologias disponíveis para que possam indicar as técnicas radiográficas mais adequadas ao procedimento cirúrgico proposto.
Na área de implantodontia, utilizam-se, na maioria dos casos, radiografias panorâmicas da face para identificar os pontos de interesse para o planejamento de implantes. Este tipo de imagem radiográfica é ainda a mais utilizada mesmo existindo métodos inovadores, devido a seu baixo custo e fácil acesso pela população, porém apresenta distorção da imagem pelo próprio método de aquisição da mesma.
Em síntese, as radiografias panorâmicas, tanto analógicas como digitais, formam imagens que podem ser analisadas em dois planos, ao passo que os exames como as tomografias computadorizadas convencionais (TC), permitem a obtenção de imagens em três planos, além de possibilitarem a manipulação computadorizada da imagem em três planos ( axial, coronal e sagital), que permite a obtenção de volume da área de estudo.
A utilização das radiografias panorâmicas bem como tomografia cone beam representam exames complementares para um planejamento e diagnóstico preciso em implantodontia.
Conceitualmente, radiografia panorâmica é a técnica radiográfica mais utilizada para o planejamento de implantes devido à habilidade do cirurgião-dentista em visualizar a presença ou ausência de dentes ou implantes em região de maxila e mandíbula . A radiografia panorâmica apresenta boa identificação de pontos, retrata áreas da face como maxila, mandíbula e a metade inferior dos seios maxilares em uma única imagem, fator que também influencia na escolha desta técnica pelo profissional. Porém, esta radiografia apresenta como desvantagem sua distorção, podendo variar de acordo com o fabricante do equipamento, de cerca de 20% na horizontal e 10% na vertical, o que pode comprometer o tratamento se não for considerada.
Enquanto, que tomografia computadorizada cone beam (TCFC) é uma palavra formada pela união de dois termos gregos, “tomos” e “graphos” que significam, respectivamente, camadas e escrita. Consiste, dessa forma, na obtenção de imagens do corpo em fatias ou cortes. Esta técnica registra de maneira clara objetos localizados dentro de determinado plano e permite a observação da região selecionada com mínima ou nenhuma sobreposição de estruturas . A TCFC oferece ao cirurgião-dentista como vantagens: ausência de sobreposição por anatomia sobrejacente, facilidade de manipular e ajustar a imagem, além de ser mais sensível na diferenciação de tipos de tecidos.
O tratamento reabilitador do complexo maxilomandibular edêntulos têm sido um dos maiores desafios enfrentados pelo cirurgião-dentista, assim como a decisão clínica em relação à melhor modalidade terapêutica a ser empregada, frente às inúmeras opções disponíveis. Exames complementares como radiografia panorâmica e tomografia computadorizada são indicados para fornecer considerações anatômicas relacionadas, principalmente ao seio maxilar e o canal mandibular, para proporcionar maior precisão na realização do procedimento.
Misch, em 2006, descreveu que para implantes unitários a tomografia computadorizada pode ser até dispensável, já que a radiografia panorâmica associada a um guia radiográfico pode apresentar custo e tempo inferior para obtenção sem grande comprometimento do resultado. Entretanto, devido a evidências observadas pelo pelos diversos estudos e na prática da clínica radiológica, destacamos que o custo e o tempo para se obter o exame de tomografia tornam-se irrelevantes quando buscamos avaliação criteriosa e fidedigna. Assim, a TCFC proporciona aos profissionais mais segurança durante o planejamento e execução do ato cirúrgico ³.
Para ilustrarmos o assunto decorrido exemplificamos um caso em que a paciente realizou a tomografia cone beam para planejamento na mandíbula e foi solicitado pelo cirurgião dentista radiografia panorâmica para um estudo geral do complexo maxilomandibular. Na imagem 1, visualizamos a região posterior esquerda da mandíbula com mensuração (em vermelho) e traçado anatômico (em laranja). Enquanto que a imagem 2 refere-se à mesma região, porém com mensuração realizada pelo software E-vol DX através para analisar imagens adquiridas pelo tomógrafo cone beam.
Imagem 1 – Corte segmentada de radiografia panorâmica do lado esquerda da mandíbula
Imagem 2 – Cortes oblíquos da região posterior esquerda da mandíbula, que indicam mensuração vertical e horizontal do rebordo osso alveolar remanescente .
Imagem 3 – Corte segmentada de radiografia panorâmica do lado direito da mandíbula
Na imagem 3, visualizamos a região posterior direita da mandíbula com mensuração (em azul) e Traçado Anatômico (em laranja). Enquanto que a imagem 4 refere-se a mesma região, porém, em tomografia.
Imagem 4 – Cortes oblíquos da região posterior esquerda da mandíbula, que indicam mensuração vertical e horizontal do rebordo osso alveolar remanescente .
Ressalto que em relação das imagens dos cortes oriundos da tomografia cone beam com a radiografia panorâmica é a possibilidade de verificar a mensuração horizontal, ou seja, realizar a medida da tábua óssea vestibular a lingual. E visualização com clareza da estrutura anatômica do canal mandibular, que apresenta descorticalização.
Podemos averiguar que nas áreas analisadas houve uma diferença na medida vertical em relação às diferentes técnicas de aquisição de imagem. Essa diferença, pode acontecer pela desvantagem do processo de distorção da radiografia panorâmica.
Assim, a utilização da tomografia computadorizada cone beam para procedimentos de Implantodontia fornece imagens muito próximas do tamanho real o que torna o procedimento preciso e mais seguro, com custo benefício compensatório.
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