CALCIFICAÇÕES DOS TECIDOS MOLES DO COMPLEXO MAXILO FACIAL

 

Radiopacidades em tecidos moles da região bucomaxilofacial são comuns e aparecem geralmente nos exames radiográficos odontológicos de rotina. As mais frequentes calcificações descritas na literatura são os ateromas de artéria carótida, os flebolitos, os sialolitos, as calcificações de nódulos linfáticos, os tonsilolitos, os antrolitos e os rinolitos e as calcificações do complexo estilohioideo.

Radiograficamente, as opacidades em tecidos moles são comuns e encontradas em cerca de 4% das radiografias panorâmicas e em outras radiografias odontológicas. Muitas vezes, faz-se necessária a combinação de duas ou mais técnicas radiográficas para a obtenção do diagnóstico. Pode-se também utilizar outros recursos imaginológicos, como a tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia. Importantes critérios a serem considerados na interpretação radiográfica são a localização anatômica, a distribuição, a quantidade e a forma das massas calcáreas. Análises de localização requerem conhecimento da anatomia dos tecidos moles bem como a posição dos nódulos linfáticos, ligamento estilohioideo, vasos sanguíneos, ductos de glândulas salivares.

Nesta postagem iremos descrever sobre sialolítos, que são estruturas calcificadas que se desenvolvem no próprio corpo da glândula salivar ou dentro do sistema ductal salivar, com consequente diminuição/obliteração de sua luz. A patogênese dos sialólitos é incerta; seu desenvolvimento não está relacionado a nenhum transtorno sistêmico metabólico do cálcio. No entanto, segundo Neville, o sialólito se forma a partir do progressivo acúmulo de os íons de cálcio no próprio muco, ou quando da adesão dos íons em um amontoado de bactérias ou células epiteliais presentes à luz do ducto salivar. Tanto as glândulas salivares maiores quanto as menores podem ser acometidas; sialólitos que acometem as glândulas salivares maiores, geralmente causam aumento de volume na glândula afetada especialmente durante as refeições devido a maior produção de muco durante o período prandial. Nem sempre os sialólitos apresentam sintomatologia dolorosa e desta maneira acabam sendo identificados incidentalmente pelos exames de imagem. Radiograficamente, são bem visualizados na radiografia oclusal e podem ser bem vistos próximos ao ângulo da mandíbula, correspondentes ao ducto de Warthon e na região de molar superior correspondente ao segmento proximal do ducto de Stensen. Como diagnóstico diferencial inclui sialoadenites secundárias e calcificações de nódulos linfáticos. Os sialolitos são distinguidos de outras calcificações de tecidos moles, porque estão usualmente associadas à dor ou a inchaço envolvendo a glândula.

O caso a seguir foi um achado incidental que visualizou uma imagem hiperdensa localizada em proximidade com as seguintes estruturas anatômicas: base da mandíbula esquerda e ângulo da mandíbula (Imagem 1)

  Imagem 1: Cortes axial, sagital e coronal que mostram a imagem hiperdensa.

                                          

Na imagem acima é a reconstrução 3D que visualiza a imagem hiperdensa com hipótese de diagnóstico de Sialolíto. Ressalto a importância que para conclusão do diagnóstico deve-se associar com exame clínico e história médica pregressa.

Assim, por meio da tomografia computadorizada, ao cruzar os planos seccionais axial, sagital e coronal, eliminando a sobreposição de imagens, temos um estudo mais acurado de sua localização espacial.

Dose de Sabedoria por: Dra Ana Luiza Riul, Dr. Luis Fernando Jardim e Dra. Patrícia Jardim

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