Tomografia Cone Beam: Uma aliada para Implantodontia (Parte 1)

 

O desenvolvimento da tomografia cone beam (TCFC) é um grande avanço para odontologia e em especial para a implantodontia, visto que 2/3 das indicações de TCFC são para planejamentos de implantes orais. A aplicação clínica da TCFC faz parte de todo o processo, usada desde o planejamento dos casos, suportando a confecção de guia cirúrgico, e também é utilizada no trans-operatório em enxertos ósseo.

            De acordo com a American Academy of Oral e Maxillofacial Radiology é recomendado a obtenção de imagens em corte transaxial para todas as avaliações pré-operatórias em implantodontia, pois a radiografia panorâmica pode apresentar ampliação das imagens, incapacitando a avaliação adequada da proximidade do seio maxilar e da dimensão vestíbulopaltino do processo alveolar. Uma ressalva para a utilização da radiografia panorâmica e intraoral são para avaliação pós-operatória.

            A tomografia cone beam permite a visualização da morfologia do processo alveolar da maxila e mandíbula, obtêm-se medidas de sua altura e espessura em tamanho real, enquanto que nos casos que há a inserção de enxerto ósseo, a TCFC estabelece uma importante ferramenta para averiguar o acréscimo de altura/ espessura nas áreas analisadas.

            Um dos requisitos para um diagnóstico adequado das imagens oferecidas pela tomografia cone beam na maxila, além do osso alveolar, é a visualização das seguintes estruturas anatômicas: Seios maxilares, Assoalho da cavidade nasal, Canal e Forame incisivo e feixes/ramos vásculo-nervoso.

            Na imagem 1 – Observa-se nos cortes coronais panorâmicos, cortes oblíquos, cortes sagitais, coronal e axial a estrutura maxilar desdentada na presença de enxertos ósseos particulados nas regiões de seios maxilares, com o objetivo de analisar a agregação particular para futura instalação de implantes metálicos.

 

Na imagem 2 – Observa-se nos cortes coronais panorâmico e cortes oblíquos a estrutura do rebordo alveolar da maxila desdentada em relação as seguintes estruturas anatômicas: seios maxilares, canal e forame incisivo e cavidade nasal. Nessas áreas há mensurações verticais e horizontais, para verificar altura e espessura do rebordo alveolar no planejamento das instalações dos implantes metálicos.

Na imagem a seguir, obtida do artigo de Machado e colaboradores de 2016, observa-se a presença de Canalis Sinuosus, que é um canal neuro vascular onde estão localizados o nervo alveolar superior anterior e seus vasos sanguíneos. Foi sugerida pela primeira vez por Jones, que descreveu essa estrutura anatômica como o nervo e os vasos sanguíneos que deixam o nervo infraorbital através da parte traseira do forame infraorbital e correm lateralmente por um canal ósseo de cerca de 2 mm de diâmetro ao lado da cavidade nasal.

Canalis Sinuosus

            Com o uso da tomografia cone beam, tornou-se mais evidente o diagnóstico dessas variações, que é destacada quando, na reabilitação da região maxilar anterior para a colocação de implantes, o pilar canino é utilizado como marco definitivo para o suporte de implantes, no qual o contato com o feixe neurovascular do Canalis Sinuosus pode comprometer a osteointegração e causar parestesia temporária ou permanente com sangramento in situ.

O conhecimento sobre estruturas anatômicas e suas variações via TCFC é de extrema importância para o planejamento e pós-tratamento, pois pode prevenir complicações durante os procedimentos cirúrgicos, garantindo um prognóstico mais favorável.

 

Ref.:
Machado, V.; Chrcanovic, Bruno; Felippe, M.B.; Manhães Junior, Luiz Roberto; Carvalho, P.S.P. 2016/10/01. SP –  Assessment of accessory canals of the canalis sinuosus: a study of 1000 cone beam computed tomography examinations; 45; 10.1016/j.ijom.2016.09.007. International Journal of Oral and Maxillofacial Surgery
 

Dose de Sabedoria por: Dra Ana Luiza Riul, Dr. Luis Fernando Jardim e Dra. Patrícia Jardim

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